Um novo tempo

Eu estou feliz.

Tenho uma dor que passa com Calminex.

Tenho a certeza que fiz o que pude,
e não me dói mais ver do que sempre me escondí.

"Não quero andar na fossa cultivando tradição embalsamada"

Finalmente. Acabou.

Ah, se eu soubesse!

Eu queria saber falar bonito.
Bonito mesmo, daquele jeito que a gente só vê na poesia. Que a cada palavra o corpo arrepia. Não ter vergonha de usar as mais difíceis, e saber encaixar cada respiração e cada lágrima. Falar no tempo certo, sem pressa, mas sem demora.

Deixar quem ouve tonto, doido, querendo abraçar correndo. Não precisa ser complexo, apenas falar simples o que na cabeça não desenrola. Fazer milagre pra mudar o que não tem mais jeito, deixar que as palavras ajeitem o que foi desfeito.

Ah se eu soubesse falar bonito...
Não ia perder tanto tempo olhando pro lado errado, tentando decalcar o que já foi apagado...

Aí, eu conhecí o Caio.

Fui na casa de uma amiga de um amigo um dia. E como de costume, quando entro em uma casa de uma pessoa (ou quarto) a primeira coisa que olho são os livros. É como se dalí da prateleira, eu pudesse pegar um pedacinho da pessoa, a cada autor, a cada gênero, descubro um pouco de quem o tem.
E não precisa ser livro que me agrade...o que me agrada é ver qual livro agrada ao outro...Neste dia, a menina que esta amiga do amigo dividia o apartamento me viu olhando a prateleira e conversamos, pois os livros eram dela. Eu disse que eu andava complicada na leitura, queria ler todos ao mesmo tempo e que acabava não lendo nenhum de fato. Aí ela me apresentou a Caio.

Caio me conquistou...

Foi paixão a primeira vista.

Meu amigo google me fez conhecer Caio ainda mais.
Apontado como um dos expoentes de sua geração, sua obra, escrita num estilo econômico e bem pessoal, fala de sexo, medo, morte e, principalmente, de angustiante solidão. Apresenta uma visão dramática do mundo moderno e é considerado um "fotógrafo da fragmentação contemporânea".

Caio é Caio Fernando de Abreu.
E como não sou ciumenta, vai um pouquinho de Caio pra vocês também:

"E vou te encontrar em um planeta abandonado no curto espaço entre nós dois. Em nossos abraços, em seus sorrisos largos."

"Tudo já passou e minha vida não passa de um ontem não resolvido" (Essa me acaba!)

"E eu gostava dela, merda, sempre acabava gostando das malditas pessoas e todas as suas loucuras."

"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras - e por tudo isso ando cada vez mais só."

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis"

"Atravessamos Agostos que parecem eternos e, nos Setembros, suspiramos quase leves outra vez: Meu Deus, passou"

"Ria de mim; parada,bêbada, pateta e ridícula, só pq no meio desse lixo procuro o verdadeiro amor. Cuidado: um dia encontro."

"E seja lá o que possa significar "ficar bem" dentro desse desconforto inseparável da condição, naquele momento justo e breve — fiquei bem."

"O que hoje é drama, sempre, amanhã estará quieto na memória."

É isso...

Sem gosto...

Agosto é o mês do desgosto.
Pelo menos para mim, a cada ano, esta teoria só se reafirma. E este ano especialmente o inferno astral nem bateu na porta, entrou totalmente sem pedir licença...
E aí foi, carro batido, problema no trabalho, paciência esquecida, equilíbrio perdido...
E é um tal de chora aqui, fica feliz ali, sente muito de um lado, sente pouco de outro...pense um mês inteirinho de altos e baixos, dos pratos da balança bem desalinhados, é como uma tpm que não passa e que não tem nada que controle (até pq não gosto de chocolate).
Eu consigo mudar rapidamente a cada momento, odeio e amo, choro e gargalho, sinto sono e insônia... Um bichinho fica aqui dentro, um nozinho na garganta, um friozinho na barriga toda hora.... isso me consoooome...
Mas é bem aí que lembro que vem setembro.
Setembro sempre vem como uma calmaria após a tempestade, é o fim do inverno e início da primavera em mim, é carinho, é sorriso, é o sol tinindo e o adeus à chuva. É tempo de me sentir feliz de graça. Falta pouco....

Vai chuva e vem o sol, para enxugar o meu lençol.

P.S - Para mim, uma das coisas mais sensacionais em agosto, dos últimos tempos, é esta sumida de Belchior. Na verdade fiquei sabendo até depois, a matéria foi ao ar no Fantástico de domingo passado, e como é de praxe, eu estava bem longe da televisão no momento. Depois da descoberta, tive um “momento Sherlock” e fui bem atrás de toda a história, e cheguei a minha humilde conclusão. Belchior mandou tudo pra pqp. Não ficarei nem um pouco assustada se ele estiver rindo disso tudo num lugar bem bonito aí pelo Brasil.
Se as coisas não melhorarem por aqui, acho que vou bem aderir ao Belchior way of life.

"Eu voltei e agora é pra ficar..."

Era uma vez eu.
Eu tinha um blog, tinha um namorado e tinha tempo.
Eu de repente se meteu numa enrascada daquelas... foi tentar o conhecer um tal de sucesso profissional. Esse sucesso, eu só conhecia de nome, de ver os outros falarem.. Eu achou que ele era importante, que ia garantir um tal de futuro que todo mundo prefere que seja certo que incerto.
Eu quebrou a cara....
Pra esse tal de sucesso profissional estar na vida de eu, eu tinha que abdicar de muita coisa. E foi isso que eu fez, abdicou de tudo, viveu e respirou essa busca pelo tal.
Eis que eu ganhou uma moral retada, eu é respeitado por demais...
Mas eu ta sentindo falta de tanta coisa...de ter menos dores de cabeça, de ouvir menos problemas a todo tempo, e de ouvir grosseria e ter que não revidar. Eu ta de saco cheio dessa vidinha...eu queria paz..
Eu ta tentando recuperar a vida, eu queria fazer um hobby, falar francês e ter um horário fixo. Eu não tem como recuperar o namorado (que sempre disse que esse tal sucesso era perigoso...) e eu nem sabe se agora é hora de namorado. Eu acha que agora é hora de carinho quando precisa.
Mas eu pode dar o primeiro passo, na verdade, eu já deu, e você já leu este passo.

Eu tenho um blog. De novo.

Bem-vindos ao (mais que nunca) fantástico mundo de Ana.